quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Sobre Ida

O longa polonês “Ida", dirigido por Pawel Pawlikowski, é sobre a busca por identidade e verdade em um mundo que ignorou e suprimiu ambas. É um belíssimo filme onde a estrutura, o tempo e o tom se encaixam com a história. Com uma fotografia de tirar o fôlego e cenas que parecem se inspirar em filmes de estrada como “Pequena Miss Sunshine” e “Aconteceu naquela noite”, as lições desse filme tem sua origem nos conflitos do coração, não na reflexão inspirada pelas paisagens. Talvez com esse objetivo, a terra ao redor da história parece fatigada de tanto enterrar e ocultar os segredos obscuros de muitos homens.



O filme conta a história de Anna, uma noviça de 18 anos que morou em um convento desde quando foi trazida como órfã após seu nascimento. Discreta e submissa, ela aparenta ter pouco, quiçá nenhum conhecimento do mundo fora das paredes de seu lar.

A trama se inicia quando a madre superior informa Anna que, embora durante toda a vida ela tenha acreditado que não havia nenhum parente vivo, existe, sim, uma tia, irmã de sua mãe, e a aconselha a conhecê-la e confrontar essa parte de sua vida antes de fazer seus votos. A jovem fica relutante de deixar a segurança do convento para conhecer a familiar desconhecida, mas parte.

Até aquele momento, o diretor não situa o público no tempo histórico. Apenas quando Anna chega ao apartamento de sua tia que o espectador se encontra na Polônia dos anos 60, uma terra onde o comunismo se enraizou por algum tempo. Não são os anos 60 do mundo ocidental, com lâmpadas de lava, rock’n'roll e cores vibrantes. Mas a tia de Anna, Wanda Gruz, uma juíza que antes foi conhecida como “Wanda Vermelha” é uma mulher independente e poderosa, que mora sozinha em um belo apartamento, dirige um bom carro, se veste bem e, de repente, toma conta do filme.

Apesar de sua beleza, inteligência e sucesso, ou talvez por causa desses, Wanda é cínica e preocupada. Não sustenta qualquer ilusão sobre o mundo ou sobre si mesma. Fuma compulsivamente, bebe muito, dirige bêbada e tem o hábito de ir para a cama com homens que conhece em bares. Ela não faz tais coisas com a esperança de que repeti-las possa trazer o que ela sente falta na vida. Ela as faz por puro hábito, talvez adquirido por culpa ou vergonha e sabe para onde elas podem a levar.

Primeiramente Wanda conta a Anna - cujo nome verdadeiro é Ida, pois a família é judia - que seus pais foram mortos por oficiais nazistas quando ela era um bebê. Elas então partem para a cidade onde Ida nasceu para encontrar vestígios dos pais na esperança de os dar um enterro digno.

Ao final da busca, as personagens entram em uma bifurcação em suas vidas. Ao encontrar uma a outra, Ida e Wanda encontram a si mesmas e, consequentemente, os conflitos que por anos evitaram - de uma forma ou de outra. E as descobertas feitas em sua busca levaram a resultados confusos para ambas. Enquanto Ida busca desesperadamente por um novo começo, Wanda parece se fixar em um final.

“Ida" é repleto de arrependimento humano e tragédia, mas mostra como a força pode crescer de dentro da fraqueza, e como a culpa muitas vezes é expiada pelos inocentes.

Abs,
Vanessa Múrias

12 comentários:

  1. NOSSA ADOREI (nem li, mas talvez lerei)

    ResponderExcluir
  2. Análise incrível e muito sensível. Parabéns, Vanessa!

    ResponderExcluir
  3. O texto não está fazendo aniversário, mas tá de parabéns !

    ResponderExcluir
  4. NOooooooooosssaaaaaaaaaa muito incrível! Parabéns! Você é incrível, querida! Bjo

    ResponderExcluir
  5. amei! quero ver =) arrasou vanessaaaaa

    ResponderExcluir
  6. Parabéns Vanessa! Eu curti! Me deu muita vontade de assistir ao filme!!!!!!!

    ResponderExcluir
  7. Parabéns, agora quero tempo para assistir o filme com bastante pipoca! rs Daqui a duas semanas após as provas será uma boa hehehee

    ResponderExcluir
  8. ja tinha visto esse filme e adorei!

    ResponderExcluir
  9. Muito boa a matéria. Me interessei pelo filme. Verei e depois posto aqui as minhas impressões.

    ResponderExcluir
  10. vi o filme mas gostei mais da sua resenha do que dele hahaha

    ResponderExcluir
  11. "“Ida" é repleto de arrependimento humano e tragédia". Definiu

    ResponderExcluir